Luís Adorno
Do UOL, em São Paulo
04/01/2021 13h44
Os delegados de polícia de São Paulo têm o pior salário inicial do Brasil entre as 27 unidades da federação, de acordo com levantamento feito pelo sindicato local e publicado pelo UOL em primeira mão. Os dados foram obtidos com informações de portais da transparência, setores de recursos humanos das secretarias de segurança e diários oficiais.
Segundo o Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de SP), o salário inicial da categoria em São Paulo é de R$ 10.382,48, o pior entre os 26 estados e o Distrito Federal. Como comparação, a que melhor paga é Mato Grosso, com salário inicial de R$ 24.451,11.
"No mesmo mês em que o Sindpesp chegou ao lamentável resultado que colocou os delegados paulistas na lanterna dos salários, o governo mandou para a Assembleia Legislativa um projeto de orçamento de R$ 246,3 bilhões para 2021, que coloca São Paulo disparado como o estado mais rico do Brasil", diz Raquel Kobashi Gallinati, presidente do sindicato.
Como base de comparação, o segundo maior orçamento estadual para 2021 é o de Minas Gerais, com R$ 121,9 bi, ou seja, menos da metade de São Paulo. O salário inicial de um delegado em Minas Gerais é de R$ 12.967,80, segundo o sindicato, ocupando a 22ª colocação entre os estados e do Distrito Federal.
"O resultado do levantamento, concluído no final de dezembro de 2020, aponta a desvalorização da Segurança Pública paulista, em um desmonte que ocorre há mais de anos por parte do governo, mas se acentuou de forma vertiginosa na gestão do governador João Doria [PSDB]", afirma o sindicato em nota.
No último levantamento feito pelo sindicato, em outubro de 2019, o salário inicial dos delegados de São Paulo, de R$ 9.888,37, era o segundo pior do país, atrás apenas de Pernambuco.
Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo não se manifestou até a publicação deste texto.
Veja o ranking dos salários de delegados do país:
1. Mato Grosso - R$ 24.451,11
2. Goiás - R$ 21.615,12
3. Alagoas - R$ 20.944,97
4. Rio Grande do Sul - R$ 20.353,06
5. Pernambuco - R$ 19.793,57 (após 3 anos como delegado substituto).
6. Maranhão - R$ 18.957,64
7. Santa Catarina - R$ 18.866,40
8. Pará - 18.782,69
9. Amazonas - R$ 18.714,24
10. Roraima - R$ 18.387,42
11. Distrito Federal - R$ 18.177,32
12. Rio de Janeiro - R$ 18.157,73
13. Paraná - R$ 17.921,62
14. Mato Grosso do Sul - R$ 17.014,18
15. Piauí - R$ 16.874,65
16. Rio Grande do Norte - R$ 16.670,59
17. Ceará - R$ 16.319,60
18. Acre - R$ 15.378,00
19. Tocantins - R$ 15.116,62
20. Rondônia - R$ 14.267,80
21. Amapá - R$ 13.651,85
22. Minas Gerais - R$ 12.967,43
23. Paraíba - R$ 12.574,35
24. Bahia - R$ 11.608,71
25. Sergipe - R$ 11.000,00
26. Espírito Santo - 10.827,03
27. São Paulo - R$ 10.382,48
Investigadores e escrivães
Os salários de investigadores e escrivães, levantados pelo Sindpesp, também colocam São Paulo entre os piores salários da federação. Com valor inicial de 3,931,18, estão à frente apenas de Pernambuco, Santa Catarina, Alagoas e Ceará.
A desvalorização salarial é um dos fatores que comprovam o sucateamento da Polícia Civil paulista, que junto com o deficit de policiais e a falta de estrutura apontam a ausência de investimento do Governo na segurança da população.
A Polícia Civil paulista tem previsão de 41.912 cargos. Atualmente, 27.464 estão ocupados, o que representa somente 65,5%. "Faltam 14.448 policiais civis em São Paulo. Ou seja, trabalhamos com recursos humanos 34,5% abaixo do número ideal, o que causa sobrecarga de trabalho, estresse e reflete diretamente na qualidade da segurança para o povo paulista", afirma Raquel Gallinati.
Durante sua campanha eleitoral, o governador Doria prometeu que os policiais paulistas estariam entre os mais bem remunerados do país, de acordo com o sindicato. "Em seu primeiro ano à frente do estado, não houve alteração nos salários. Em janeiro de 2020, foi oferecida uma recomposição salarial ínfima, de 5%", diz a entidade.
A presidente do sindicato afirma que, com a pandemia do novo coronavírus, Doria justificou que não poderia conceder reposição salarial. "Pelo descaso do governo, não temos condições para fazer o trabalho que a população de São Paulo merece, que é um trabalho de excelência", afirmou Raquel.
Além disso, os salários de investigadores e escrivães paulistas também estão entre os piores do país, de acordo com o sindicato. Com valor inicial de 3,931,18, estão à frente apenas de Pernambuco, Santa Catarina, Alagoas e Ceará. Veja:
Investigadores:
1. Amazonas - R$ 9.613,14
2. Distrito Federal - R$ 9.394,68
3. Pará - R$ 7.729,65
4. Rio Grande do Sul - R$ 6.366,80
5. Piauí - R$ 5.906,12
6. Tocantins - R$ 5.843,86
7. Rio de Janeiro - R$ 5.809,58
8. Goiás - R$ 5.767,18
9. Mato Grosso - R$ 5.546,54
10. Espírito Santo - R$ 5.493,77
11. Paraná - R$ 5.478,49
12. Acre - R$ 5.000,00
13. Amapá - R$ 4.975,00
14. Maranhão - R$ 4.957,20
15. Rio Grande do Norte - R$ 4.731,91
16. Rondônia - R$ 4.706,56
17. Roraima - R$ 4.552,75
18. Mato Grosso do Sul - R$ 4.527,80
19. Sergipe - R$ 4.500,00
20. Paraíba - R$ 4.218,31
21. Minas Gerais - R$ 4.168,10
22. Bahia - R$ 3.969,56
23. São Paulo - R$ 3.931,18
24. Pernambuco - R$ 3.900,00
25. Santa Catarina R$ 3.842,20
26. Alagoas - R$ 3.800,00
27. Ceará - R$ 3.732,86
Escrivães:
1. Amazonas - R$ 9.613,14
2. Distrito Federal - R$ 9.394,68
3. Pará - R$ 7.729,65
4. Rio Grande do Sul - R$ 6.366,80
5. Santa Catarina - R$ 6.314,70
6. Piauí - R$ 5.906,12
7. Tocantins - R$ 5.843,86
8. Rio de Janeiro - R$ 5.809,58
9. Goiás - R$ 5.767,18
10. Paraná - R$ 5.752,41
11. Mato Grosso - R$ 5.546,54
12. Espírito Santo - R$ 5.493,77
13. Acre - R$ 5.000,00
14. Maranhão - R$ 4.957,20
15. Amapá - R$ 4.839,53
16. Rio Grande do Norte - R$ 4.731,91
17. Rondônia - R$ 4.706,56
18. Roraima - R$ 4.552,75
19. Mato Grosso do Sul - R$ 4.527,80
20. Sergipe - R$ 4.500,00
21. Paraíba - R$ 4.218,31
22. Minas Gerais - R$ 4.168,10
23. Bahia - R$ 3.969,56
24. São Paulo - R$ 3.931,18
25. Pernambuco - R$ 3.900,00
26. Alagoas - R$ 3.800,00
27. Ceará - R$ 3.732,86
Sucateamento
"A desvalorização salarial é um dos fatores que comprovam o sucateamento da Polícia Civil paulista, que, junto com o déficit de policiais e a falta de estrutura, apontam a ausência de investimento do governo na segurança da população", afirma o sindicato.
A Polícia Civil paulista tem previsão de 41.912 cargos. Atualmente, 27.464 estão ocupados, o que representa 65,5%. "Faltam 14.448 policiais civis em São Paulo. Ou seja, trabalhamos com recursos humanos 34,5% abaixo do número ideal, o que causa sobrecarga de trabalho, estresse e reflete diretamente na qualidade da segurança para o povo paulista", diz Raquel Gallinati.
Fonte: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2021/01/04/delegados-de-sp-iniciam-2021-com-o-pior-salario-do-brasil-diz-sindicato.htm
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